As pescadoras de Khelcom defendem o seu território

Bargny, Senegal

Formas de repressão:: intimidação e assédio de processadoras de peixe, em Bargny Guedj, próximo à zona da central termoelétrica a carvão Sendou 1.

For 10 years, the Khelcom women fish processors in Bargny, Senegal have opposed the Sendou 1 coal-fired power plant – a ‘development’ project co-funded by the  opens in a new windowAfrican Development Bank (AfDB) opens in a new windowWest African Development Bank (BOAD), Netherlands Development Bank (FMO) and the private Compagnie Bancaire de l’Afrique de l’Ouest (CBAO). 

The already constructed power plant poses a major threat to the people in Bargny where fishing and fishing processing by women is the predominant source of livelihoods. The coal power station took the agricultural land of numerous families as well as sites promised by the Mayor for the resettlement of family members who have lost their houses to the encroachments of the sea, associated with the climate crisis. It is women who do the work of fish processing and selling, and who are also in charge of the agricultural activities, and it is women who have therefore been hardest hit. 

In January 2019, Sendou I released wastewater into the women’s fish transformation site at Khelcom, which caused significant loss and damage to their harvest of dried fish. They have, to date, been inadequately compensated and by the end of 2019, the water had still not been extracted from large areas of the processing site. The resulting loss of income and hardship of the impacted families was never compensated for. 

A sua luta, todavia, não parou por aí. Hoje, as mulheres enfrentam uma outra ameaça da TOSYALI, uma fabricante global de aço de origem Turca, que pretende construir um complexo de fabrico de aço no seu local de processamento de peixe. Para além do impacto psicológico, social e económico destas ameaças contínuas aos seus meios de sustento, as processadoras de peixe têm vivido ameaças à sua segurança. O seu único ‘crime’ é a sua determinação em defender o seu direito a decidir o que é que o desenvolvimento significa para si e para a sua comunidade.  

A Mama Fatou Samba testemunhou o seguinte: “No dia 17 de Agosto de 2020, eu e outras mulheres estávamos no local de processamento em Khelcom, onde ganhamos o nosso pão diário, para, para com a ajuda de um jornalista, documentarmos a nossa luta contra a central termoeléctrica a carvão. Vimos uma viatura parqueada no local de processamento e achamos muito estranho. Já que eu sou a líder do grupo de mulheres processadoras, aproximei-me dos estranhos para compreender o que se passava.  

Eles responderam que estavam lá a mando de alguém mas não revelaram a sua identidade e alegaram que a sua visita tinha como objectivo efectuar estudos topográficos. Pedimos que abandonassem o local pois não tinham permissão para estar ali e estavam a perturbar o nosso trabalho. Eles saíram sem levar qualquer amostra.  

No dia seguinte, por volta das 14:00 horas, Chefe da Polícia ligou-me e perguntou-me se as mulheres, de facto, proibiram os pesquisadores de realizar o seu trabalho. Eu respondi que ‘Sim,’ e disse-lhe que ali era o nosso local de trabalho, e que ninguém poderia entrar sem nos informar. O chede da polícia disse que um carro de polícia viria à minha casa buscar-me. Assim o fizeram. Levaram-me ao local, onde estava um grupo de pessoas à minha espera. Eu alertei imediatamente a LSD e a outras mulheres para que soubessem do meu paradeiro.   

Já no local havia um representante da APIX (a Agência de Promoção de Investimentos e de Grandes Projectos), o investidor do projecto TOSYALI, acompanhados de agentes da polícia. Discutimos sobre o incidente do dia anterior, e os informeique o local pertence-nos e que nunca deixaremos ninguém o ocupar.

Tentaram convencer-nos que o governo tinha atribuído parte do local a uma empresa Turca para montar um complexo de fabrico de aço e que pretendiam assegurar-se que o projecto não iria destruir as nossas actividades. Mas as mulheres e eu fomos firmes. O que nos perguntava-mos era: será que o Edil teria instruindo ao Chefe da Polícia para me convocar? Foi uma pura táctica de intimidação. Porém, deixamos bem claro que não iríamos vacilar.”

Fonte do testemunho & imagem: Lumière Synergie pour le Développement

. A central expropriou a terra agrícola de numerosas famílias e a terra prometida pelo Edil para reassentar as famílias que haviam perdidos as suas casas para o mar como consequência da crise climática. São as mulheres que realizam o trabalho de processamento e venda de peixe e que são, também, responsáveis pelas actividades agrícolas e, por isso, são as que mais duramente foram atingidas.

Khelcom women fishers

Remembering the Odi Massacre

Nigeria

O Ceifador, em North Mara, Tanzânia

Malawi

Leia fortes testemunhos que reflectem a experiência e a resistência de activistas e comunidades de todo o continente Africano.