Nonhle Mbuthuma

Local: Xolobeni, Amadiba Crisis Committee, Cabo Oriental - África do Sul

Violation: Facing death threats for her activism to stop titanium mining in her community.

[No Domingo, 15 de Novembro de 2020, Nonhle Mbuthuma, uma líder importante da Amadiba Crisis Committee (Comissão de Crise Amadiba - ACC), a qual defende a sua terra contra a mineração de titânio, recebeu uma SMS de um número desconhecido claramente ameaçando a sua vida, e a vida de outros activistas da sua comunidade. É importante notar que isto já aconteceu antes, com o assassinato de um importante activista líder da ACC, Bazooka Radebe, em Março de 2016, um caso que ainda continua por esclarecer, e com a estranha morte de um outro membro forte da ACC.]

“We’re in a war, I never thought at this time in a democratic  opens in a new windowSouth Africa that we would face these struggles. We are fighting for our Right to say NO.

Vivemos numa zona rural ao longo da bela costa oriental da África do Sul. [Em 2007, a Transworld, a subsidiária local da Australian Corporation Mineral Commodities (MRC), solicitou, pela primeira vez, uma licença para explorar titânio numa extensa área de cerca de 2 867 hectares, afectando centenas de famílias na zona de Umgungundlovu .]  

A empresa mineira tem estado a fazer pressão para iniciar a mineração, mas a comunidade, desde o início que disse NÃO, e, continua a dizer NÃO! Esta é a terra dos nossos antepassados e não podemos ser despejados. Esta é a terra que sustenta as nossas vidas; produzimos muitas culturas e nela somos auto-sustentáveis. Temos aqui os túmulos dos nossos antepassados, que nos representam no tempo e conectam a história da nossa vida a esta terra, e dependemos do oceano como parte dos nossos meios de subsistência. Se a nossa terra for sujeita à mineração, a água e o oceano serão poluídos por químicos tóxicos. A mineração vai levar-nos à pobreza e apenas enriquecer poucas pessoas.

Tem sido muito difícil manter afastada a empresa mineira. A empresa trabalha com os departamentos do governo central e com pessoas muito poderosas do governo provincial. A empresa corrompeu alguns membros da nossa comunidade que se esforçam em nos dividir. Ao longo deste tempo todo já convidamos decisores de vários departamentos do governo, como o Departamento de Recursos Minerais (DMR) e o Departamento de Assuntos Ambientais (DEA), mas nenhum deles aceitou escutar-nos. E nós dizemos bem alto que precisamos de ser ouvidos. Os direitos humanos têm de prevalecer sobre o lucro de apenas alguns. O desenvolvimento tem de partir da base.

Submetemos um caso contra o DMR e ganhamos, mas, mais uma vez, o governo não quis escutar-nos e apresentou um recurso à decisão judicial. Esta é uma chamada de atenção aos investidores, nós, as comunidades rurais, temos de ser respeitadas, não podemos apenas ser arrastados para a submissão.  

Como defensora de direitos humanos das mulheres, recebi o apoio da comunidade de muitas outras pessoas do mundo, mas, aqui na África do Sul, o patriarcado está muito enraizado. Alguns homens das nossas comunidades, do governo, das empresas mineiras e dos bancos não acham que as mulheres têm uma opinião a dar e que devem ser ouvidas. Os nossos pontos de vista são muito importantes porque como mães, prestadoras de cuidados, somos nós quem pensa nas gerações futuras.  

À luz das recentes ameaças de morte que recebi, tenho estado a receber muita atenção dos meios de comunicação locais e internacionais e recebi o apoio de organizações da sociedade civil. Abri um processo de intimidação e assédio junto da polícia. A polícia diz que o número de onde partira a ameaça não se encontra registado, mas também não fez muito mais para investigar o caso.

The struggle of Xolobeni is not just ours, there are many others across the world who face the same struggles. This fight is for my children and those in our community. As women, we are the pillars of the earth. You can’t build a house without a pillar.”

Source:  Lucas Ledwaba/Daily Maverick

"Esta luta é pelas minhas crianças e pelas crianças da nossa comunidade. Como mulheres, somos os pilares da terra. Não é possível construir uma casa sem pilares.”

Nonhle Mbuthuma

Das mulheres de Chiadzwa

Zimbabwe

Leia fortes testemunhos que reflectem a experiência e a resistência de activistas e comunidades de todo o continente Africano.